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Sintra, Lisboa, Portugal
Porque me apraz e somente porque me apraz... vou rabiscando palavras no meu modesto linguajar. Palavras que oscilam entre o mel e o fel podendo roçar a minha biografia, não será a narrativa da minha individualidade e ou, do meu sentir. São apenas os meus Rabiscos de Mel e Fel.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sorrisos

Quero sorrisos de mil cores
Tais campos enfeitados de flores
Sorrisos amplos, abertos e brilhantes
Sorrisos que me façam renascer 
fuzilando meus prantos
Quero sorrisos de diálogos articulados
Que me falem de vida, de cada instante, de amor
da morte do renascer, de poetas a vercejar
Quero sorrisos esculpidos de ternura em alucinante rotação
Apenas para sentir a carícia de um sorriso à deriva 
Espalhando amor e paixão 
Quero sorrisos alegres, estonteantes que me façam sorrir como d'antes
Quero enxergar que a desgraça não passa de uma trapaça
E na ilusão de um sorriso, sem travão, sonhos sonhar
E descarrilando  vou sorrindo com o coração
Finalmente...
Quero sorrisos rasgados, latentes, insanos, desmascarados
Queimando de desejo num manso crepitar minh'a alma embriagada
Na urgência de plasmar de sorrisos o azul celestial
Volvo a sorrir, com alma de menina acreditada
E na ausência de lágrimas, sorrio sorrisos de amor
Sem dilemas ou reticências abraço o mundo e sinto-me afortunada
Nesta utopia por mim imaginada 

2015 Ana Simões




quarta-feira, 15 de abril de 2015



METADE
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca; 
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta 
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso 
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria 
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada 
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

Oswaldo Montenegro

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ecos

Hoje, fizeste-me chorar... mas não te recrimines
São negras e amargas as dores, que sabemos, não mereces sentir 
Sentenças enlameadas, veem à tona sem premissas ou razão 
Em fileira alinhadas, de justiça estranguladas
Numa vida desalinhada, ferem o frágil coração
Hoje, neste choro há muito embargado
E neste despertar sem dormir... de repente tudo assusta
Nada mais importa...
Neste chão infértil num terreno baldio carente de horizontes 
Vou cedendo às certezas, sem certezas de nada
por fim, em insana alucinação, pinto de paz o cosmos e, sossego...
O destino está ditado, os dados foram lançados prontamente após o nascer
tudo que nos resta é viver, o instante, o momento. Sem azedume ou irritação
Apenas aceitação.
Nesta viagem... sofremos, rimos, choramos... 
saboreando o mel e o fel, a dádiva e a maldição
São vãos os ais e queixumes que inutilmente lamentamos
Então...
Vamos da vida fazer um festim, do inicio até ao fim
Desviando calhaus, caminhamos por campos perfumados de alfazema e alecrim
Num mar de risos e encantos, embebedamos o coração
Entre alegrias e prantos desvendamos a cor do destino
E seguimos caminho... Sempre unidas como dedos da mão. 

Ana Simões